MATRIZ DE NOSSA SENHORA DA GUIA
No ano de 1853, o Dr. João Valentim Dantas Pinagé,
juiz de direito da comarca de Assu, a cuja jurisdição pertencia então o Termo
do Acari, em correição pública, teve conhecimento de que as Irmandades do
Santíssimo Sacramento e de Nossa Senhora da Guia possuíam duas fazendas de
gado, no valor aproximado de 12 contos de Réis. Ciente disso, fez saber aos
habitantes do município que, mais tarde, o governo chamaria aos cofres públicos
os bens pertencentes às Irmandades, e que, em vista disso, seria de acerto
empregar os referidos bens na edificação de outra igreja. Essa idéia foi bem
acolhida pelo povo. Resolveu-se construir outro templo. Em 1856 foi
estabelecido o contrato de construção com os Srs. Félix Lúcio Dantas e o
Tenente Manoel Jorge de Medeiros, tabelião público, pela quantia de 12 contos
de réis, excluídas as madeiras de construção, que foram contratadas à parte com
o Sr. Manoel Antônio Dantas, por um conto de Réis, postas ao pé da obra. Ao
iniciarem os serviços de fundação e alicerces, reconheceram os empreiteiros que,
pela quantia firmada, haveria prejuízo, e não se demoraram em rescindir o
contrato, entregando o dinheiro já recebido. Mas, essa dificuldade foi vencida.
No dia 15 de agosto de 1857, foi benta e lançada a primeira pedra da nova
igreja, pelo Visitador e Vigário de Caicó, especialmente convidado, o ilustre
Padre Manoel José Fernandes, coadjutor e substituto do grande Padre Guerra. A
essa cerimônia de lançamento da primeira pedra, além de incalculável massa
popular, assistiram o Pe. Tomaz Pereira de Araújo, Vigário, e muitos outros
sacerdotes vindos das regiões vizinhas. Serviram de padrinhos da Solenidade o
Tenente Coronel Manuel Gomes da Silva e o Capitão Cipriano Bezerra Galvão,
concorrendo cada um com a importância de 100 mil réis. Dois dias depois, deu-se
início à construção dos alicerces, tendo os trabalhos sido interrompidos, vinte
dias após, devido a um surto de varíola que grassava na zona. No dia 15 de maio
de 1859, era assinado um convênio particular entre o Padre Tomaz Pereira de
Araújo e o mestre Clemente Gomes Pereira, pelo qual se contratavam os trabalhos
de mão de obra pela quantia de 12 contos de réis. Em fins de 1859, foram
reconstruídos os alicerces sob a administração do Cap. Manoel Francisco Dantas
Correia. A seca de 1860 veio interromper os trabalhos. Só a 10 de janeiro do
ano seguinte foram eles reiniciados, sob a administração do Major Antônio
Manoel Dantas Correia, posto que ele ocupou no dia 25 do mesmo mês, sendo-lhe
entregue pelo Padre Tomaz a importância de 30 mil réis, o único dinheiro
existente em cofre. Mas, a generosidade do povo, de mãos dadas à Fé, fez
multiplicar-se o pouco dinheiro. Trabalhou-se sem interrupção, até o dia 2 de
janeiro de 1862, quando, por falta de recursos, teve-se de suspender a obra,
por mais de um mês. Em vista da crise de dinheiro, resolveu o vigário suspender
os trabalhos. Com isto não concordou o empreiteiro, que, sob protesto, exigiu
que fosse facilitado fornecimento nas vendas aos trabalhadores, até que
aparecessem recursos e novos donativos. Desse modo, os trabalhos prosseguiram.
Um novo contrato foi feito, mediante a importância de 2 contos de réis, sendo
contratante o mesmo obreiro, a vigorar de 16 de junho de 1862 a 6 de fevereiro
de 1863. Aos 3 de dezembro de 1863, estava concluído o serviço excluindo-se o
patamar e o ladrilho que foram ultimados depois.
FONTE – HISTÓRIA DAS IGREJAS DE ACARI
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